Saiba o que fazemos no nosso programa marinho
A costa de Moçambique, com cerca de 2.700 km, é caracterizada pela sua rica biodiversidade de habitats, incluindo praias arenosas e sistemas de dunas, recifes de corais, sistemas de estuários, mangais e tapetes de relva marinha. Todas as cinco espécies de tartarugas identificadas na região da EAME desovam em praias moçambicanas, e a zona costeira marinha serve também de habitat para golfinhos assim como baleias migratórias, tais como a Humpback e Southern right. Em águas moçambicanas encontra-se também a maior parte da população remanescente de Dugongos na África Oriental. A zona marinha de Moçambique faz parte da EAME, área definida como parte constante da lista Global 200, dada a sua excepcional biodiversidade. De norte a sul, a costa moçambicana abarca três das quatro bioregiões definidas dentro da EAME – a costa de corais, costa pantanosa e a costa de dunas parabólicas.
O Programa Marinho em Moçambique foi estabelecido em 2004 com o apoio do WWF US. Existe a necessidade de se dar continuidade a este apoio uma vez que o Programa Marinho é actualmente a componente com mais apoio financeiro nas actividades do WWF em Moçambique.
No geral, os factores que mais representam ameaça para a biodiversidade da EAME em geral, e de Moçambique em particular, incluem o seguinte:
Sobreexploração de recursos: espécies de coral e peixes pelágicos, invertebrados (sea cucumbers, lagostas e moluscos), corais e peixes ornamentais e espécies utilizadas na medicina tradicional.
Uso de métodos destrutivos de recursos naturais: pesca de praia e com recurso a redes de arrasto, pesca de arrasto, rede sardinheira de emalhar e long-line, exploração de coral.
Práticas destrutivas de uso e aproveitamento da terra: abate e exploração de florestas de mangal para produção de combustível, materiais de construção, produção de sal, exploração de areias costeiras e minerais e shrimp farming.
Efeitos negativos da mudança climática global: mudança nos cursos dos rios resultando no aumento da sedimentação de sistemas marinhos; mudança da temperatura das águas, resultando na mudança dos habitats; e branqueamento dos corais.
Fraco desenvolvimento no planeamento de infra-estruturas (sem consideração/integração para com aspectos culturais, locais e ambientais): aspectos de desenvolvimento à base do turismo, poluição e assoreamento, crescente procura por espécies valiosas, e por recursos para materiais de construção tais como estacas de mangal. A construção de barragens também resultou no aumento da erosão costeira, usurpação e perda de áreas húmidas, afectando deste modo a produtividade de shrimp fishery.
Todas as cinco espécies de tartarugas identificadas na região da EAME desovam em praias moçambicanas, e a zona costeira marinha serve também de habitat para golfinhos assim como baleias migratórias, tais como a Humpback e Southern right. Em águas moçambicanas encontra-se também a maior parte da população remanescente de Dugongos na África Oriental.
A zona marinha de Moçambique faz parte da EAME, área definida como parte constante da lista Global 200, dada a sua excepcional biodiversidade. De norte a sul, a costa moçambicana abarca três das quatro bioregiões definidas dentro da EAME – a costa de corais, costa pantanosa e a costa de dunas parabólicas.
AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE
No geral, os factores que mais representam ameaça para a biodiversidade da EAME em geral, e de Moçambique em particular, incluem o seguinte:
Sobre-exploração de recursos: espécies de coral e peixes pelágicos, invertebrados (sea cucumbers, lagostas e moluscos), corais e peixes ornamentais e espécies utilizadas na medicina tradicional.
Uso de métodos destrutivos de recursos naturais: pesca de praia e com recurso a redes de arrasto, pesca de arrasto, rede sardinheira de emalhar e long-line, exploração de coral.
Práticas destrutivas de uso e aproveitamento da terra: abate e exploração de florestas de mangal para produção de combustível, materiais de construção, produção de sal, exploração de areias costeiras e minerais e shrimp farming.
Efeitos negativos da mudança climática global: mudança nos cursos dos rios resultando no aumento da sedimentação de sistemas marinhos; mudança da temperatura das águas, resultando na mudança dos habitats; e branqueamento dos corais.
Fraco desenvolvimento no planeamento de infra-estruturas (sem consideração/integração para com aspectos culturais, locais e ambientais): aspectos de desenvolvimento à base do turismo, poluição e assoreamento, crescente procura por espécies valiosas, e por recursos para materiais de construção tais como estacas de mangal. A construção de barragens também resultou no aumento da erosão costeira, usurpação e perda de áreas húmidas, afectando deste modo a produtividade de shrimp fishery.
Objectivos
O objectivo global deste programa é "assegurar a conservação da biodiversidade e processos biológicos nos principais sistemas marinhos costeiros de Moçambique, e simultaneamente assegurar que a gestão e uso equitativo dos recursos marinhos locais".
O programa representa a parte da Visão a Longo Prazo da EAME para Moçambique, que se resume na criação de um ambiente marinho e costeiro saudável que providencie benefícios sustentáveis para as gerações presentes e futuras para ambas comunidades locais e internacionais, que também se envolvem activamente na conservação da sua biodiversidade e integridade ecológica".
O programa encontra-se estruturado à volta de quatro áreas relacionadas de intervenção:
Conservação de áreas prioritárias;
Promoção de pescarias responsáveis;
Conservação de espécies marinhas.
MOMS - SISTEMA DE MONITORIA ORIENTADA PARA FINS DE GESTÃO
O MOMS, Sistema de Monitoria Orientada para Fins de Gestão, foi inicialmente implementado em Namíbia, através da adaptação do Event Book System – uma ferramenta local de gestão para fins de conservação.
O MOMS é um sistema de apoio na gestão de zonas protegidas. Não é uma ferramenta de pesquisa, mas sim de uso regular mais detalhado e menos complexo para fins de monitoria. Através do MOMS, os administradores de zonas protegidas têm a possibilidade de decidir sobre que espécies ou áreas deverão ser monitoradas para uma melhor gestão.
O sistema pode ser utilizado para o registo e monitoria de inúmeras actividades, desde a pesca artesanal, desportiva, incidentes com animais, controlo de espécies especiais, actividades ilícitas, etc.
Descrição do Sistema de Monitoria
O sistema oferece a possibilidade de se recolher dados que serão posteriormente armazenados em três diferentes níveis de registo, sendo, o Livro Amarelo (recolha diária de dados), o Livro Azul (recolha mensal de dados) e o Livro Vermelho (recolha anual de dados).
O livro amarelo regista a informação diária das várias actividades de monitoria desenvolvidas em cada zona. Esta informação é depois resumida e transferida para o livro azul, de registo mensal, o qual é fornecido aos administradores das zonas protegidas para sua inclusão no Relatório Mensal, onde é possível identificar as tendências mensais para cada evento. Finalmente, toda a informação recolhida é transferida para o livro vermelho, o qual reflecte no geral as tendências anuais para a zona protegida e dá uma melhor visão para a tomada de decisões em relação às zonas monitoradas.
MOMS no PNAB
O Parque Nacional do Arquipélago do Bazaruto foi a primeiro a introduzir o MOMS em Moçambique. A experiência revelou-se de grande utilidade para a administração local, que vinha usando um sistema não muito eficaz de monitorias. A implementação, que contou com um grupo de apoio do WWF, teve início em 2005, envolvendo não apenas a Administração do Parque, mas também hotéis e estâncias turísticas locais.
Numa primeira fase, embora se tenha registado uma fraca participação por parte de muitos dos operadores turísticos locais, o processo decorreu normalmente, tendo sido identificados todos os constrangimentos referentes à adaptação do mesmo dentro do Parque, e posteriormente recapitulados todos os módulos e esclarecimento de dúvidas ainda existentes.
Importa destacar a grande colaboração prestada pelos fiscais do Parque, que diariamente recolhem dados, e em particular aos operadores turísticos que continuam a demonstrar um grande interesse em participar no sistema e torná-lo assim mais eficaz.
Presentemente, encontra-se em elaboração, já na fase final, o Relatório do MOMS 2005 para Bazaruto, e segue o processo de recolha de fichas em relação aos dados colhidos em 2006.
MOMS NO PNQ
Após a experiência do Bazaruto, seguiu-se o Parque Nacional das Quirimbas. Uma equipe, constituída pelos profissionais responsáveis pela implementação do MOMS no Bazaruto, deslocou-se às Quirimbas, para fazer a apresentação do sistema e proceder à formação de um grupo de fiscais.
Foram inicialmente identificados dois grupos, para as áreas terrestre e marinha respectivamente, que beneficiaram de formação teórica e prática. Alguns oficiais destes grupos foram destacados para liderarem, posteriormente, equipas menores de supervisão.
Alguns constrangimentos com os quais alguns fiscais se debateram, prendem-se com dificuldades em ler e escrever, daí a necessidade de formarem grupos mistos, em que em cada grupo era liderado por alguém mais instruído e com capacidades para prestar apoio aos restantes elementos.
No geral, o curso foi satisfatório, uma vez que a maioria dos participantes entendeu o funcionamento do MOMS, mesmo tendo apenas ouvido falar em monitorias pela primeira vez apenas nesta ocasião.
No momento decorrem esforços de efectivação deste sistema, que ainda funciona em forma de teste no Parque Nacional das Quirimbas.
Todas as cinco espécies de tartarugas marinhas do Oceano Índico ocorrem nas águas de Moçambique. A tartaruga verde, Chelonia mydas, que ocorre ao longo de toda a costa de Moçambique, só nidifica a norte do Trópico de Capricórnio. A tartaruga Bico-de-Falcão, Eretmochelys imbricata, ocorre e nidifica a norte de Moçambique. A tartaruga olivácea, Lepidochelys olivacea, tem a mesma distribuição da Bico-de-Falcão, mas é mais rara. A tartaruga comum, Caretta caretta, e a Gigante, Dermochelys coriacea, que também pode ser vista no norte, só nidificam a sul do Trópico de Capricórnio (Hughes, 1971).
Projecto de Marcação de Tartarugas em Moçambique
Fundos foram disponibilizados pelo WWF para a realização de um pequeno projecto de marcação de tartarugas marinhas em alguns locais da zona costeira de Moçambique, nomeadamente no Distrito de Matutuine (a zona costeira que está dentro da Reserva Especial de Maputo), a Ilha da Inhaca (parte da qual é Reserva) e Inhassoro.
As duas primeiras áreas são áreas de nidificação de “loggerheads” (Caretta caretta, tartaruga comum) e “leatherbacks” (Demochelys coriacea, tartaruga gigante). A zona de Inhassoro, por seu turno, é uma zona de grande concentração de juvenis e pré-adultos de “green turtles” (Chelonia mydas, tartaruga verde) e a parte continental do Arquipélago do Bazaruto.
A informação produzida por este projecto contribuirá para a conservação efectiva e apropriada das tartarugas marinhas, não só em Moçambique mas também em toda a costa sul da Africa de Leste, uma vez que as tartarugas são espécies altamente migratórias.
O projecto envolverá a aquisição de etiquetas e aplicadores, treinamento dos aplicadores e produção de manuais de identificação. O Projecto será coordenado pelo recentemente criado Grupo de Trabalho de Tartarugas Marinhas de Moçambique (ver artigo sobre este grupo).
Os dugongos (Dugong dugon) são mamíferos marinhos e, junto com os Manatis, os únicos herbívoros marinhos. Existe no mundo apenas uma espécie de Dugongo.
Os Dugongos são dóceis, não se aproximam muito dos humanos e deslocam-se em grandes distâncias. São lentos quando em sossego mas podem nadar a velocidades de 10-12 nós quando a fugir. São fáceis de identificar por não possuírem barbatana dorsal (ao contrário das baleias e golfinhos) nem as patas de trás. Eles mergulham com os pulmões cheios de ar e podem ficar debaixo de água cerca de 10 minutos. Podem ser vistos em grupos ou isolados.
Têm uma taxa de reprodução extremamente baixa. Não atingem a maturidade sexual antes dos 10 anos e as fêmeas têm uma cria de cada vez, com longos períodos de interregno entre gravidezes. Uma vez que podem chegar a viver uma média de 70 anos, e com um intervalo médio de 5 anos entre gestações, uma fêmea não deve produzir mais de 12 filhotes em toda a sua vida.
Os Dugongos do Parque Nacional do Arquipélago do Bazaruto
A população de Dugongos em Bazaruto tem sido protegida pelo Parque através de campanhas de educação, controlo de redes de pesca e fiscalização. Também no lado do continente existem esforços no sentido de prevenir o desaparecimento desta espécie. O Parque necessita de apoio para continuar a levar a cabo estas actividades.
Porque é uma espécie Protegida?
Os dugongos são protegidos devido à sua baixa fecundidade, redução do habitat e locais de alimentação – nomeadamente os tapetes de ervas marinhas – sobre-pesca e captura acidental com morte subsequente, nas redes de pesca.
São uma espécie protegida em Moçambique. Existem multas para aqueles responsáveis pela sua morte. A maior população de Dugongos em Moçambique parece estar no Arquipélago de Bazaruto. Um censo aéreo é feito nesta área todos os anos para se observar a tendência desta população em termos de números. Esta população é, provavelmente, a única viável de dugongos em toda a costa oriental Africana.
Calcula-se que os tubarões existam há cerca de 450 milhões de anos, sem grandes alterações na sua morfologia, o que sugere um bom nível de adaptação e evolução.
Estes seres providos de estrutura corporal hidrodinâmica são criaturas importantes em quase todos os ecossistemas marinhos.
A quase totalidade dos tubarões é marinha, carnívora e pelágica, habitando águas costeiras e oceânicas da maioria dos mares e oceanos, quer na sua superfície, quer na sua profundidade.
O seu olfacto é extremamente apurado, permitindo-lhes identificar substâncias bastante diluídas na água, como concentrações de sangue abaixo de 1 parte por milhão - o que equivale a aperceberem-se de uma gota de sangue a 300 m de distância em pleno oceano. Deste facto, advém o facto de já terem sido designados como narizes nadadores. Quando detectam o cheiro de sangue ou de corpos em decomposição, facilmente encontram o local de origem, utilizando principalmente o seu olfacto (ou a visão para distâncias inferiores a 15 m).
A sua grande sensibilidade às vibrações, provoca comportamentos semelhantes. O seu ouvido interno, responsável pelo equilíbrio e detecção das vibrações de baixa frequência, situa-se postero-superiormente ao olho e detecta vibrações a longas distâncias, podendo o tubarão se aperceber do som de um peixe a debater-se a uma distância de 250 a 600 m. Em conjunto com o olfacto, esta sensibilidade às vibrações, são os primeiros mecanismos utilizados na detecção de potencial alimentação. Uma vibração desconhecida, tanto pode provocar curiosidade como medo ao tubarão.
A maioria dos tubarões, quando parados, não conseguem bombear a água para as brânquias, de modo a respirarem. Necessitam, portanto, de forçar a entrada da água pela boca, para que passe pelas brânquias e saia pelas fendas branquiais. Por outro lado, a ausência de bexiga natatória, um órgão hiodrostático existente noutros animais, dificulta a sua flutuação. Estas duas características são as responsáveis pela maioria dos tubarões nadar incessantemente, pois, se por algum motivo pararem, afundam e/ou morrem por asfixia. É exactamente neste aspecto onde começa o grande problema dos tubarões nas águas moçambicanas.
A crescente caça ilegal em busca das suas barbatanas, resulta na morte de milhares de tubarões anualmente no país, pois sem a barbatana os tubarões perdem a aerodinâmica necessária e afundam. Em muitos casos, os tubarões já desprovidos das barbatanas são abandonados nas praias aos montes, causando um mal-estar para o ambiente e para as comunidades locais.
Um dos desafios que se colocam ao WWF em Moçambique, resume-se na sensibilização dos pescadores sobre as implicações legais da captura e venda ilegal de derivados da espécie, e sobre a sua importância para a biodiversidade da região. Os tubarões exercem duas funções primordiais no ambiente marinho.
Como predadores situados no topo da cadeia alimentar, mantêm o controlo populacional das suas presas habituais e são um instrumento da selecção natural, ao predar os mais lentos e os mais fracos. Por outro lado, quando os tubarões se alimentam de animais e peixes doentes, feridos ou mortos, contribuem para a manutenção da salubridade dos oceanos.